sexta-feira, 27 de agosto de 2010

É PRECISO SE ADEQUAR...

Como foi visto no artigo anterior, os verbos podem ter defeitos na sua conjugação. Daí serem chamados de defectivos. Essa característica faz com que algumas formas não existam, ainda que, por vezes, as encontremos na fala de um e de outro.
O verbo adequar está incluído nessa lista. Você já parou para analisar como ele se conjuga no presente do indicativo? Já ouviu algo semelhante a “Eu me ‘adéquo’ ao cargo.”, “Ele se ‘adéqua’ ao cargo.” ou “Eles se ‘adéquam’ ao cargo.”? Por incrível que pareça para muitos, esse verbo não pode ser conjugado nessas pessoas gramaticais.
Como um típico verbo defectivo, em determinados tempos, não teremos sua conjugação completa. Como isso acontece na prática? Ora, no presente do indicativo, só existem as formas verbais da 1ª pessoa do plural (= nós) e da 2ª do plural (= vós), respectivamente: adequamos e adequais.
Aí você pode perguntar: “Como vou saber se uma forma do verbo adequar existe ou não?” Ora, é muito simples. Ela só existirá quando a tonicidade (sílaba tônica) recair depois do radical, ou melhor, após a estrutura adequ-. Se observarmos com mais atenção, em adequamos, a sílaba tônica se encontra exatamente na vogal “a” que aparece logo depois de adequ-. Isso garante a existência dessa forma do verbo e de todas as outras que apresentarem essa característica, como, por exemplo, adequei, adequou, adequava, adequarei e adequará.
Nas formas “adéquo”, “adéqua” e “adéquam”, a tonicidade recai na sílaba “de”, ou seja, ainda no radical do verbo. Esse é o motivo de elas não existirem na conjugação do presente do indicativo. Consequência: não podemos usar algo que não existe!
Essa lacuna, porém, não é problema. Diante da ausência da forma, é só substituir o verbo adequar por um sinônimo (“Eu me adapto/ajusto ao cargo.”) ou até mesmo mantê-lo, mas com outra estrutura de frase (“Eu posso me adequar ao cargo.”).
Como podemos concluir, é só uma questão de se adequar a essa realidade...

(Coluna “No quintal das palavras”. Artigo publicado no Lagos Jornal, Ano V, nº 490, Região dos Lagos, 19-9-2009, p.4)